
Para uma Sociologia do Romantismo
Neste ensaio situamos a crítica da cultura pela análise do tradicional
na modernização desenvolvida por Ernst Bloch nas antípodas
de Max Weber.
Comentamos a leitura sociológica do Gótico Tardio na Alemanha
pondo em relevo a história social na experiência das insurgências
camponesas dos séculos XV e XVI como vinculada à história
das heresias cristãs.
Tivemos em conta o interesse deste tema para a desmistificação
da cultura de massa e da indústria cultural na atual voga de um romantismo
chamado "Gothic", não somente considerado como "gosto
do obscuro", mas indevidamente valorizado como "paixão das
trevas", que teria nascido de uma visão fantasmagórica da
Idade Média atribuída aos românticos como Novalis.
Como se sabe, os simpatizantes do chamado "movimento gothic", que
fez a fama de certos grupos do Rock’n’roll, vendo no romantismo do século
XIX uma "reabilitação" da Idade Média e do seu
imaginário misterioso, nos dirão que os românticos são
os responsáveis pelo surgimento da "gothic novel" ou "romam
noir", normalmente ambientados em castelos sombrios e ambientes tenebrosos.
Paralelamente ao embelezamento do passado no cultivado "mistério
da História", o romantismo literário do século XIX
teria um "lado escuro" levando ao pessimismo, à loucura, aos
sonhos, sombras, decomposição, queda, atração pelo
abismo (trevas) e morte, bem como à urgência pela vida.
Para os simpatizantes do gothic, no "dark side" do romantismo se
encontrariam praticamente todos os elementos fantásticos que fascinam
a indústria cultural e atingem certas camadas da juventude nos dias de
hoje.
Por contra, notando a ilegitimidade em valorizar o "lado escuro"
do romantismo, nos agarramos ao ponto de vista de que toda a literatura afirma
um horizonte, afirma a criação enlaçada à aspiração,
de tal sorte que o Moyen âge do romantismo somente terá valor positivo
uma vez integrado na historia da modernização, em especial na
contradição não-contemporânea, de que nos fala Ernst
Bloch.
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22 de enero de 2009 |